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quarta-feira, 29 de abril de 2015

O seu primeiro Natal

O que mais ansiávamos era ver o nosso filho em casa e poder cuidar dele sem qualquer restrição. As primeiras semanas foram complicadas. As dores deveriam ser insuportáveis mas nada impedia de ser uma criança feliz, apesar de tudo.

Começou a aproximar-se o Natal e a adaptação de uma nova realidade foi adquirindo forma. Compramos um capacete para que pudesse proteger das quedas, que se acontecesse nestas primeiras semanas, poderia comprometer toda a cirurgia mas felizmente nada disso aconteceu. A sua nova testa parecia fora de medidas mas tinha um motivo, o nosso filho já tinha uma testa de adulto.

Esta cirurgia deixou o nosso filho com imunidade reduzida ou quase sem nada devido as transfusões de sangue. Teve várias recaídas sob bronquiolites que o deixavam bastante mal e claro está, nós num estado de sofrimento. 

Natal

Uma época direccionada para as crianças e de consumismo para os pais (é assim que vejo o Natal). O nosso filho recebia as suas prendas mas alegria em desembrulha-las era dos pais pois ele não tinha consciência daquilo que o rodeava. Simplesmente queria vê-lo a rasgar um papel de embrulho mas não o fazia... mas estava feliz por ele estar connosco, e agora simplesmente teríamos que ajudá-lo nesta recuperação.   

Por isso este tópico acaba por ser pequeno visto que a nossa preocupação diária era ajudá-lo a minimizar as dores e protegê-lo. A época natalícia terminara e chegou o ano novo.

Brindamos a um novo ano cheio de esperança e relembrar o melhor que o ano transacto trouxe, o nascimento do nosso filho!!!
O único desejo para esse ano foi a rápida recuperação, nada mais importava.


A esperança não é um sonho, mas uma maneira de traduzir os sonhos em realidade

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Uma dura realidade

No dia seguinte deslocamos-nos novamente para o hospital e fomos directos para os cuidados intensivos pediátrico (CIP). O nosso coração pulsava tanto que parecia que saia pela boca. A minha esposa entrou primeiro e aguardei impacientemente cá fora. Aproveitei para guardar lugar e tentar adaptar-me a uma nova realidade.

Cerca de uma hora mais tarde, a minha esposa saiu e chegou a minha vez. Já o tinha feito na noite anterior mas não me tinha apercebido o que se passava ao meu redor pois somente estava focado no nosso filho. Mas naquele momento, teria tempo para ver muita coisa. Aquele local era de um silencio abismal, somente ouvia-se alguns "bips" que iam surgindo. A temperatura bastante estável e controlada, cerca de 22ºC, e ali estava ele, rodeado de fios e tubos. Os seus olhos estavam bastantes inchados e a cabeça acompanhava. Era duro de encarar.
Estive bastante tempo ao lado do nosso filho e foi-nos aconselhado não falar com ele para que não entrasse num estado de ansiedade por não nos poder ver. Mas a realidade em redor era bem mais dura. O problema do meu filho não era "quase" nada comparado ao que estava ao lado. Um cenário de pura tristeza que não aconselhava a viver. Ficamos ali cerca de uma noite e o nosso filho teve que abandonar o CIP pois houve uma criança que teve que ser internada e não havia espaço. O nosso filho como era o único a melhorar, foi ele o escolhido. O cirurgião que o operou, discordava daquela acção pois dizia que precisava de, pelo menos, mais um dia mas não havia escolha.

Do silencio e da temperatura controlada, foi para para um barulho ensurdecedor e uma temperatura que atingia os 30ºC. Tivemos sorte que aquele quarto não tinha muita gente e as enfermeiras desligaram o Ar Condicionado e os únicos pais que lá se encontravam, saíram para que o nosso filho se adaptasse aquele novo meio. Foram dias bastantes difíceis e cansativos. Poderia descreve-los mas seria necessário muitas páginas mas o momento mais importante foi o dia em que o nosso filho abriu o olho. Expressou um sorriso somente por nos ver e isso foi algo que não iremos esquecer. Não foi nada fácil para a minha esposa que nesses dias quase não descansava pois dormir numa pediatria e ainda por cima em contentores, era tarefa impossível. 

Ansiávamos pela alta hospitalar mas somente seria possível depois do fim de semana. Tivemos o primeiro encontro com a cicatriz do nosso filho quando foi mudado as ligaduras e foi algo difícil de se ver. O medo de pegar nele foi ultrapassado e fez com que o inchaço dos olhos e cabeça começasse a diminuir... mas as dores continuavam. As enfermeiras deixaram de dar morfina e começou a ser dado doses cada vez mais reduzidas.

Finalmente tivemos alta e nós os 3 explodimos de alegria (sim nós os 3 pois o nosso filho exprimiu um sorriso de orelha a orelha e foi óptimo de se ver).

Resumindo esta página e o que pretendo dizer é que se um dia ficarem preocupados pelos os vossos filhos quando tiverem uma constipação ou gripe (vejo muitos a entrarem em colapso por isso), lembrem-se que há pais que sofrem todos os dias pelos seus por situações em que por vezes não tem solução. Que sofrem constantemente porque não sabem quando é que isto vai terminar... Não façam dramas por pequenos obstáculos mas agradeçam somente por terem aqueles para ultrapassar.

Todas a equipa da pediatria teve fantástica e fomos muito bem acolhidos e auxiliados. Deram tudo para que nos sentíssemos minimamente confortáveis e não faziam mais pois estavam limitadas pela estrutura em si.


A Realidade é o pesadelo do mundo dos sonhos

sexta-feira, 24 de abril de 2015

O segundo impasse - continuação

Seguimos em direcção ao hospital, pelo caminho ainda conseguimos expressar uns sorrisos com o Bruno Nogueira (programa Tubo de Ensaio da TSF) mas à medida que nos aproximávamos do hospital, a tensão aumentava.

Depois de algumas horas de espera, finalmente somos conduzidos para a pediatria onde o nosso filho iria passar a noite. E assim foi, tive que me retirar e deixá-los naqueles contentores (sim, a pediatria era mesmo contentores, supostamente estavam a construir uma nova pediatria mas até à data não sinal dessa construção) onde o frio fazia-se sentir quase na totalidade. Como era de esperar, não conseguimos dormir nada. Eu porque estava preocupado e não parava de pensar na operação, a minha esposa a mesma coisa e pelo o barulho que se fazia sentir na pediatria.

26-11-2012

Chegou o dia, desloquei-me para o hospital. Supostamente, o nosso filho estava previsto ser operado ainda de manhã mas na realidade  foi somente operado a tarde. Os nervos e ansiedade tomavam conta de nós, saberíamos que o momento da entrega do nosso filho nas mãos da equipa técnica iria ser doloroso mas tínhamos que ter coragem, principalmente eu, tinha que transmitir tranquilidade à minha esposa, uma tranquilidade inexistente mas procurava a qualquer custo. 

Fomos chamados a entrada do bloco operatório e sabíamos que tinha chegado o momento. Aguardamos ainda cerca de meia hora e tivemos um apoio inconfundível de um membro da equipa que iria operar o nosso filho. Conseguiu tranquilizarmos um pouco perante o cenário que estava prestes a ocorrer. 

Chegou o momento...

A entrega foi um momento doloroso, como previsto. Parecia que estavam arrancar algo de mim mas tinha que ser.

O médico indica que a operação poderá demorar cerca de 2 ou 3 horas. 

Eram 15 horas.
Estimava-se que terminasse entre as 17 e as  18 horas. 

Fomos almoçar ou tentar almoçar.

Entretanto recebemos o apoio dos meus sogros que chegaram entretanto. Posteriormente do meu cunhado.

Eram 17 horas... Falta pouco, pensava eu.

Eram 18 horas. Não havia sinal da operação ter terminado. Aguardamos mais um pouco.

Eram 19 horas. O cenário era o mesmo. Consegui obter informação do motivo do atraso. Houve um imprevisto e a operação demorou arrancar. As horas seguintes foram preocupantes. 
Na cantina, conseguimos falar com um membro da equipa que se encontrava lá e conseguiu-nos tranquilizar dizendo que tudo estava a correr bem... mas o facto é que  ele ainda não tinha saído.

Eram 22.20. Recordo-me dessa hora. Não aguentava mais a espera. Sabia que tinha que agir. Desloquei-me para o corredor onde ia dar ao bloco operatório e encontrei uma senhora das limpezas. Era única pessoa que tinha autorização de entrar no bloco, ou perto disso. Expliquei a situação e a senhora fez um grande favor de entrar e de perguntar o ponto da situação. Voltou com uma cara sorridente informando que já estavam a sair e que tudo estava bem. Aliviado por lado mas ainda preocupado porque... não o via.


Passado alguns momentos, no horizonte surge algo. Era o meu filho. Instintivamente, desloquei-me para perto e com algum aperto. Era a imagem que esperava encontrar. A minha esposa tinha ficado para traz e foi autorizada a entrar. 

Ali estávamos nós, a ver o nosso filho com a cabeça 3x maior que o normal e aqueles olhos fechados com as pálpebras rosadas.

Não o queríamos largar e fomos com até à entrada dos cuidados intensivos. Foi-nos autorizado a dar um beijinho nele... foi um momento na qual não consigo exprimir e entrou na sala dos cuidados intensivos. Nessa noite tivemos que ir dormir a casa, na sala de espera não havia lugar para nós. Essa decisão foi uma das mais dolorosas que tive que tomar. A minha esposa não aceitava a ideia de o deixar sozinho mas também não podíamos fazer nada. 

A noite já ia longa quando fomos para casa. Por uma lado queria ir para casa para obrigar um pouco a minha esposa a descansar um pouco porque os dia seguintes estimavam-se difíceis.


A distância mais difícil de superada é a do costume: a psicológica, a que não permite abraços efusivos e brincadeiras, que paralisa e planifica os sentimentos com os anos de convivência.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

O segundo impasse

O receio...

O receio da fatídica pergunta: Querem operar o vosso filho?

Não saberíamos responder. Não estávamos preparados para tal.

Nessa manhã, deslocamos-nos para a consulta que tanto ansiávamos durante aquele Verão de 2012. Recordo-me que era uma manhã bonita mas será que a noticia que iríamos receber correspondia ao dia?

Infelizmente, não.

Quando estávamos na sala de espera, eu olhava para todo o lado para verificar alguém que tivesse um filho/a com os mesmo problemas que o meu mas nada via e foi quando ouvimos soar no intercomunicador o nome dele... e entramos para aquele corredor que nos iria destinar o nosso futuro. A pulsação acelerou e ansiedade acompanhava.
Quando o médico viu o nosso filho disse de imediato, com uma frieza incalculável, que tinha que ser operado. 
A minha esperança morreu ali.
Começou a falar dos riscos da mesma, da necessidade de a fazer e invocava muitas vezes a palavra "certeza", uma palavra que ansiava ouvir mas não era aquele o contexto. Depois da explicação pormenorizada, viemos novamente para casa. Nesse dia nem fui trabalhar, não tinha condições para o fazer e ainda assimilava a "certeza". Fiquei em casa e foi nessa tarde que algo surgiu e aconteceu.

Uma explicação divina? 

Tocam à campainha.

Apercebi-me que eram comerciais porta a porta de uma empresa de telecomunicações e reparei que um deles tinha algo que me soava a familiar...um deles tinha trigonocefalia mas nunca fora operado. Decidi descer e ir falar com eles. Naturalmente, fizeram imensas perguntas mas para ser sincero, não as ouvia. Queria somente ver aquele rapaz.
Não era uma imagem boa de se ver, admito e isso levou-me a ter a "certeza" que o melhor para o nosso filho era a operação. Aquele rapaz era o nosso filho no futuro mas tínhamos nas nossas mãos o "poder" de mudá-lo. E se a incerteza ainda ecoava no meu cérebro, naquela tarde, acabou por desaparecer. Não tive coragem de perguntar ao rapaz, decidi guardá-la para mais tarde, saberia que ia precisar dela.

Fomos de férias na semana seguinte e apesar de tudo, foi uma excelente experiência. Fomos nas semanas seguintes novamente à consulta para entregar o TAC e tirar fotografias à cabeça. Pediram para aguardar pela última consulta antes da operação. 

Aguardamos impacientemente. A preparação para esse dia foi feita. Informamos como é que era feita a cirurgia, como iria ficar após sair do bloco operatório, os primeiros dias... mas não foi o suficiente.

Na 3ª semana de Novembro, recebemos o tão aguardado telefonema. Foi a uma terça feira e a consulta foi marcada para quinta feira. Estava agendado uma pequena reunião com o cirurgião e a recolha de sangue e assim foi.

Entramos para essa ultima consulta e a primeira pergunta que o médico fez foi:

"Querem operar o vosso filho, certo?" - aquela pergunta que tanto receamos na 1ª consulta mas que agora sabíamos como responder.

"Sim, queremos operá-lo. É o melhor para ele" - dizíamos isto com uma convicção tremenda mas a desmoronarmos por dentro. 

A operação teria lugar na segunda feira, dia 26 de Novembro, mas tínhamos que estar no hospital no dia anterior, no Domingo.

Nesse Sábado, todos os cuidados com o nosso filho era pouco, não queríamos que apanhasse nenhuma constipação, gripe, etc pois poderia por em causa a operação. 
Recordo-me nesse dia que havia muita tristeza dentro de nós, havia muita ansiedade e nada nos fazia deixar de pensar nessa operação, nem o sorriso no nosso filho. Quanto mais ele sorria, mais triste ficávamos,  era algo inexplicável. Fiz de tudo para tentar confortar a minha esposa mas era uma missão impossível.

Chegou Domingo, e depois da sesta do nosso filho, foi tempo de percorrer aquele "longo" caminho até ao hospital deixando para traz, familiares em lágrimas. Foi um momento doloroso...

Seguimos em frente, iríamos precisar de coragem...


A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Os meses seguintes...

Depois de passar a tempestade, foi tempo de repousar e aproveitar. Aos 2 meses e meio, como já estava grande de mais para ficar na alcofa, decidimos passar o nosso filho para o seu quarto. Ele crescia saudável e cheio de energia e começou a ter interesse pela televisão e desde ai, o canal com maior audiência aqui em casa era o Canal Panda :).
Era na cadeira de baloiço, era no parque, era na sala, o Panda estava sempre a "bombar". Havia momentos que já conhecíamos os episódios todos das séries apresentadas. 

Foi tempo de um baptizar e de lhe atribuir os padrinhos.  Seguíamos felizes até ao dia em nos lembramos de verificar o que a pediatra tinha escrito no seu livro. Com a confusão da cirurgia, nunca mais nos lembramos de consultar... estava tudo bem até surgir uma frase:

"Crânio com possível Trigonocefalia"

Não sabíamos o que era e decidimos ir ao nosso "médico online" -  Google. As primeiras imagens provocaram algum choque, todos aqueles bebés eram idênticos ao nosso filho.

Mas o que é isto? - perguntava eu incrédulo. A minha esposa começou a pesquisar mais sobre isso e descobriu que poderia ser muita coisa mas que também podia não ser nada. Confuso? Eu sei que sim mas resumindo:

A testa tinha um formato pontiagudo e que poderia ter solução de usar um capacete especial, para situação não muito acentuadas, ou a cirurgia...(mais informações no blogue http://karinaediegogoncalves.blogspot.pt/ )

Cirurgia? A palavra parecia como um murro no estômago. Não podia acreditar e nem queria mesmo acreditar, ao meu filho não - pensava eu. A cirurgia era muito arriscada e não era algo que tínhamos que decidir em "cima do joelho" como na primeira operação. Havia a possibilidade de operar através de um pequeno corte frontal mas essa era somente até aos 3 meses, mas já não ia a tempo. Estranhava na altura, as questões que a pediatra colocava sobre a forma da cabeça quando fomos aos 2 meses à consulta. Voltamos novamente a marcar uma consulta onde a mesma explicou que se houvesse algum familiar parecido, então era genético e não haveria a necessidade de operar. Descansamos um pouco e começamos a procurar por fotos de familiares, acreditando que era só mesmo um feitio da testa igual...

E era isso que queria acreditar... mas nunca tive essa prova.

A minha esposa andava ansiosa, desesperada e todos os dias encontrava-a a chorar. Tentava consola-la dizendo que tudo não passaria do mero formato e cheguei a dizer que eu também tinha esse formato mas aquele instinto maternal dizia-lhe que não... e dizia bem, infelizmente.

Começou a correria aos especialistas para que as certezas pudessem ser confirmadas e logo no primeiro tivemos essa triste notícia. 

Eu não queria acreditar e dizia sempre que não seria assim. Tentava enganar-me a mim próprio e já nem isso conseguia, estava demasiado evidente. 

Para que pudesse ser operado, teria que ser diagnosticado e para isso tinha que fazer o TAC e foi necessário pedir isso ao hospital publico. Esse pedido foi feito por mim quando dei entrada pelas urgências com o meu filho e pedi uma opinião à pediatra de serviço e a mesma disse aquilo que eu queria ouvir ocultando a verdade. Decidi na mesma pedir essa consulta para que seja visto por um especialista (era somente esse o motivo de ter entrado pelas urgências) e ficou registo com celeridade mas celeridade era só mesmo a palavra. Todos os dias a minha esposa ligava para o hospital a pedir ponto da situação sobre a marcação da consulta e diziam sempre que estava em análise e não passava daí. Deslocou-se pessoalmente ao hospital e a resposta era sempre a mesma. 
Um dia cheguei a casa ao meio dia e via-a numa angustia tremenda, olhava para o nosso filho e dizia que era evidente e não haveria a solução senão passar por uma operação de risco. Não sabia o que dizer, pois o que falava nada fazia sentido e somente ouvia-a. Farto daquela situação, decidi ir ao hospital naquele momento e recordo-me de dizer-lhe que era naquele dia que iria dar lugar a consulta olhando nos seus olhos vazios onde já não encontrava espaço para esperança...e foi isso que me motivou.

Depois de muitas voltas no hospital e de me ter chateado, consegui a consulta para aquele mesmo dia.
Vim a casa para buscar-los. Fomos atendidos por uma médica e que marcou de imediato o TAC. Também deu a sua opinião mas condicionada pelas nossas caras de angustia... achara que talvez não fosse necessário. Não queria dizer a certeza desta incerteza.
Umas semanas mais tarde, já com o TAC feito, fomos novamente à consulta. A médica voltara a dizer que para ela não operava mas ia pedir uma segunda opinião reencaminhando para outro hospital da especialidade... lemos nas entrelinhas que necessitava de ser operado.

Passamos um Verão complicado, cheio de incertezas sobre o futuro. Todas as noites falávamos nisso e eu negava sempre a necessidade de operar contrariando os que os meus olhos viam. No meio disto tudo, nasceu o seu primeiro dentinho que levou a que, por alguns momentos, o assunto da trigonocefalia, fosse colocado um pouco de lado. 

Cerca de um mês e meio depois, fomos chamados pelo hospital para marcar uma consulta.

Chegou a hora de saber a certeza...


A incerteza é uma margarida cujas as pétalas nunca acabam de desfolhar.

domingo, 19 de abril de 2015

O primeiro impasse - continuação

Coloquei-me num abrir e fechar de olhos novamente no hospital e fui de imediato direccionado para a entrada do bloco operatório. Estava a minha esposa e uma senhora que também estava lá por causa da sua filha que ia ser operado a uma hérnia. O meu filho já tinha entrado e foi nos pedido para aguardar. Questionei prazo estimado e a enfermeira disse que cerca de uma hora, aguardavam só que um médico especialista chegasse. Cerca de 30 minutos, esse médico chega, comecei a contabilizar uma hora.

Para passar o tempo, coloquei conversa com essa senhora. Falou-me da filha, do motivo da cirurgia e quando olhei para o relógio, uma hora passara, a voz dessa senhora começou a perder volume, algumas palavras ecoavam mas não faziam sentido pois não ouvia a frase completa... eu não estava ali. Encontrava-me a pensar que essa hora já tinha passado mas não havia movimentos e nem nada que fizesse acreditar que tudo tinha terminado, encontrava-me com o coração a mil, com voz no meu cérebro a questionar se tudo estava a correr bem... e a voz da senhora continuava como se estivesse no fundo de um poço. Não saberia por onde o meu filho iria sair quando terminasse a operação e por isso que olhava como se estivesse perdido sem direcção possível. 

Nesse instante, vi uma enfermeira ao fundo com algo na mão, reagi logo e sabia que era ele... a enfermeira fez sinal e confirmou, o meu filho já tinha saído do bloco e ia agora para o recobro. Deslocamos-nos como se voássemos para finalmente ver o meu guerreiro. Estive até cerca das duas da manhã e vi que ele estava bem, a minha esposa estava também mais tranquila mas cansada. Decidi vir embora visto que dentro de poucas horas tinha que ir trabalhar.

Nessa altura trabalhava numa empresa onde tinha grandes responsabilidades e que nesse dia tinha que ir a uma reunião importante.

Tentei dormir mas mal me deitei, o despertador tocou. Enviei uma sms a minha esposa mas sem resposta.
Ainda dorme - pensei eu.

Já me encontrava a caminho desse reunião quando recebo um telefonema da minha mulher. Quando atendi percebi que algo se passava, encontrava-se assustada e perdida.

O que se passa? - questionei.

Os pontos rebentaram e sai algo estranho por lá e não tenho uma enfermeira que me ajude... não sei o que fazer.

Engoli em seco, não sabia o que dizer. Pedi que insistisse para que alguém fosse ajudá-la. Sentia-me imensamente pequeno, quase invisível por não poder ajudar. 

Passado uns minutos, contacto novamente. A minha esposa disse que o meu filho iria dar entrada novamente no bloco para verificar os pontos e levar nova anestesia.

Ao longo da manhã, fui comunicando várias vezes com ela e nas reuniões fazia um esforço para perceber o que se falava e não via a hora de sair dali... 

Já o meu filho tinha saído do bloco operatório, quando ia a caminho do hospital, aliviado por saber que ele se encontrava bem, preocupado por saber que a minha esposa não comera nada a algum tempo e também não tinha tido muito tempo. 

Finalmente cheguei. Não sai mais dali até por volta das onze da noite vieram dizer que tinha mesmo que ir embora. Naquela tarde, deu para que a minha esposa descansasse. Era esse o objectivo também visto que não sabia que noite é que ela tinha que enfrentar.

Vim para casa, o telemóvel manteve-se mudo até de manha. Aliviado de um lado, preocupado por outro, desloquei-me novamente acreditando que traria aqueles dois para casa... e foi isso que aconteceu. Desde esse dia, as noites mudaram. O meu filho dormia toda a noite, 12, 13 horas - um encanto para qualquer pai, era tempo de por o sono em dia :)

Finalmente o sossego chegou...


A felicidade que o homem pode alcançar, não está no prazer, mas no descanso da dor.

sábado, 18 de abril de 2015

O primeiro impasse

Depois de algumas noites mal dormidas no hospital, chegou a vez de ir-mos para casa e relaxar um pouco (pelo menos pensava eu). A primeira noite somente conseguimos adormecer às 6 da manhã, não sei se hei-de chamar a primeira noite ou o primeiro dia :) mas conseguimos adormecê-lo porque afinal de contas tinha frio e não nos apercebíamos disso. Felizmente um de nós teve a brilhante ideia de ir buscar um aquecedor e graças ao seu calor, adormecemos os 3 como anjinhos.

Deixo aqui um conselho para os papás e futuro papás, se o vosso filho/a nascer em pleno Inverno, aqueçam muito bem o quarto. Eles estão acostumados no quentinho e é natural que inicialmente rejeitem o frio :)

Depois da primeira descoberta (mantê-lo aconchegado), foi a altura de saber que tipo de leite ele gostava e acreditem que essa descoberta foi um pouco sonâmbula, pelo menos para mim que tive que me deslocar algumas madrugadas à farmácia para comprar uma lata de leite. A minha esposa não produzia leite suficiente para o guloso e era necessário um suplemento. Infelizmente não tinha-mos a D. Alice do Intermarché  mas tínhamos um farmacêutico sonolento que nos abria a porta :).

O mais estranho é que passado cerca de 2 meses, começava a rejeitar os leites e vomitava constantemente o que levava a pensar que não gostava do leite ou que era intolerante a alguma substância mas eu comparava as latas mas aquilo para mim era tudo igual e já não sabíamos o que fazer. O vomito trazia um cheiro que não era muito característico dos vómitos "normais" (se é que me percebem), trazia um cheiro estranho e pensávamos que era da marca do leite. Essa fase coincidiu com a consulta dos 2 meses e era algo anotar para perguntar à pediatra. Entretanto a minha esposa escorregou e teve que ir às urgências e aproveitem para levar o meu filho às urgências também. Expliquei a pediatra das urgências o que se passava e fizeram alguns exames mas nada detectaram. Acreditem que quando as vossas amadas disserem que andar com o menino no "ovo" de um lado para o outro é cansativo, acreditem piamente. De mudar fraldas, de dar biberão e deslocar-se as salas de exames, foi tarefa complicada. O mais ainda foi quando espetaram uma agulha no meu filho para tirar sangue para amostra e foi como se tivessem espetado a mim, foi doloroso ver isso. Os resultados vieram e nada a detectar, mandaram-me aguardar cerca de duas horas e se ele voltasse a vomitar (que entretanto já o tinha feito), que pedisse que entrasse novamente. Aguardei essas duas horas, entretanto, a minha esposa também teve alta e já tinha passado cerca de 3 horas e verificamos que ele não tinha vomitado o leite que lhe tinha dado e quando peguei nele para ir para casa, vomita tudo, novamente.

Entramos novamente nas urgências e expomos a situação à pediatra. A mesma achou normal e nem com a minha esposa a insistir por fazer uma ecografia voltou voltou com a palavra atrás. 

Instinto maternal, será que existe?

Vencidos pelo cansaço, decidimos aceitar aquilo que a pediatra explicara e fomos para casa. A consulta dos dois meses era no dia seguinte...

12-04-2012

Chegou o dia, finalmente. Já andava um pouco cansado de várias noite sem dormir a ouvir choro e vómitos, o que não era muito agradável. Digo finalmente porque pensamos sempre que os pediatras tem sempre alguma solução e que no imediato pudessem travar com esta angustia. Entramos na sala e a pediatra colocou algumas questões e disse que era melhor fazer uma ecografia para avaliar melhor essa situação do vómito. E assim foi, deslocamos-nos para o andar inferior para fazer a ecografia. 

A técnica de ecografia não conseguia detectar qualquer problema também pois afirmara que o estômago estava vazio e pediu a minha esposa para lhe desse de mamar. Voltou a colocar a sonda e indica que era o "piloro" (palavra estranha aquela) e que não estava a abrir e nem a fechar. A minha esposa perguntou aliviada à técnica qual era a solução, medicação?

Não mamã, operação!!! 

O instinto maternal existe...

Aquela palavra foi como um murro no estômago,  angustia de ver as lágrimas a caírem pela cara da minha esposa e eu sei puder fazer nada, incrédulo, coloquei novamente a questão e a técnica apercebeu-se que não sabíamos o verdadeiro motivo daquela ecografia. Lamentou o facto de ter dado aquela noticia pois pensava que tínhamos sido alertados pela pediatra. Fomos para o andar superior e entretanto já tínhamos decidido operar no hospital publico.  A pediatra confirmou e escreveu mais algumas coisas no livro dele e fomos directos para o hospital pois a situação era urgente. Chegamos ao hospital com a confirmação de que tinha que ser operado ao Piloro mas insistiram que que tinha que fazer nova ecografia.

Era cerca da uma da tarde e disseram que não poderia comer nada... ele já chorava com fome.

Aguardamos impacientemente...

Era cerca das 4 da tarde e ainda não tinha sido chamado, o meu filho chorava com fome e já não sabia o que fazer, tinha vontade de gritar e de entrar numa sala e fazer eu a ecografia, mas o meu eu dizia que tivesse mais um pouco de calma e cedi aos meus instintos.

Foi chamado e foi confirmado. Tinha que ser operado com urgência. 

Foi colocado numa sala para aguardar a chamada, inicialmente estávamos os 3, a minha esposa estava impossibilitada de caminhar devido à queda do dia anterior. Mas um de nós tinha que abandonar, era as regras do hospital. Eu sai. 

Comunicava com a minha esposa por sms e as noticias nunca melhoravam e pioravam cada vez mais. Ele chorava com fome e ela não o conseguia calar, era cerca das 6 da tarde.

Decidi entrar e chamar atenção das enfermeiras. 

Façam algo, não vou fazer nada para o calar - dizia eu. As enfermeiras pediam que mantivesse a calma pois a sala não estava vazia. Como poderia ter calma se o teu filho chorava com fome e não comia desde das 10 da manha - pensara eu. Decidi insistir que agissem de imediato, questionei onde se encontrara o responsável e frisei que somente me calava se alguém aparecesse.

O segurança foi chamado mas não quis intervir. Deu razão a mim e decidiu não ver nada e fechar a porta da sala.

Finalmente apareceu o director geral, o médico que iria operar o meu filho. Tentou acalmar-me mas sem sucesso. Pedi a ele que acalmasse o meu filho primeiro. Decidiram colocar a soro e ele ai acalmou.

O médico conversou comigo, informou que talvez naquela noite não iria ser operado mas que no dia seguinte era com certezas. Poucas horas depois, subimos para um quarto onde iria aguardar ali a noite. Como somente um pai poderia ficar, decidi eu vir embora...

Era cerca das 10 da noite....

No caminho para casa, naquele silêncio, ao ver a imagem do meu filho ligado a uma sonda pelo nariz, senti que uma enorme tristeza e uma enorme raiva de não ter conseguido ajudá-lo... a emoção apoderou-se de mim.

Poucos minutos de ter chegado a casa, recebo um telefonema da minha esposa...

Vão operá-lo agora, anda já....

(Não expliquei o que é o piloro porque existe um blogue, ainda em construção, que explica ao detalhe os problemas de saúde que o meu filho teve. Podem visitar em http://karinaediegogoncalves.blogspot.pt/)


Considerar a nossa maior angústia como incidente sem importância, não só na vida do universo, mas da nossa mesma alma, é o princípio da sabedoria.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Quanto te vi pela 1ª vez

Passava pouco da uma da tarde quando me chamaram para que pudesse entrar para o recobro e que pudesse ver a minha esposa e o meu filho. Quando entrei na sala de recobro, no imediato, deslocaram-se duas enfermeiras na minha direcção e disseram: "está ali o papá" e estranhei o motivo pelo qual disseram isso pois podia ser uma outra pessoa qualquer. Cheguei a pensar se tinha estampado na minha testa a frase "onde está o meu filho" mas quando me aproximei apercebi-me o motivo... tinha a minha cara :)

As enfermeiras "despacharam-no" logo para os meus braços, ainda não tinha recuperado do choque inicial e já se encontrava nos meus braços... aquele pequeno príncipe, tão pequenino e leve que nem sabia como pegá-lo. Uma sensação diferente, parecia que estava a pegar no meu próprio eu, no meu passado.

Nada disso se passava, eu realmente estava a pegar no MEU FILHO!!!

Com um passo pouco tremulo, desloquei-me para perto da minha esposa que já se encontrava acordada, já o tinha visto mas comigo viu melhor :). Foram momentos inesquecíveis.

Ainda ficamos cerca de duas horas ali, a minha esposa como não dormiu de noite, adormeceu no momento do parto e não assistiu ao nascimento :), agora sem brincadeiras: como se sentia muito tensa, foi dado uma dose maior de anestesia e acabou por adormecer. Como consequência, demorou a sentir os pés e tivemos que aguardar para que o efeito passasse. Teve lugar a primeira refeição do meu filho e deveria estar com imensa fome pela forma que mamava :) e deu-se lugar aos famosos telefonemas e sms´s a dizer: "Já nasceu" e desde aí não tive mais descanso.

Via-o ali ao lado da minha esposa, sossegado e dormia tranquilamente, as minhas duas pérolas, pensava para comigo, uma bela imagem que acabo por presenciar. 

Por fim, deslocamos-nos para a "suite presencial" (quarto do hospital) onde ali permanecemos 4 dias. Houve a necessidade desse tempo visto que o meu filho tinha perdido algum peso mas depois acabou por recuperar e tivemos finalmente alta. Agradeci essa alta visto que dormir 4 noites numa poltrona não é muito confortável e acabamos por não descansar, entre levar a mamã para o WC, mudar a fralda ao menino, e assim terminava as noites de muito trabalho e pouco descanso. Já tinha alguma experiência em mudar fraldas mas foi à 18 anos atrás, quando tinha cerca de 7 anos e mudava a fralda a minha irmã mas rapidamente o meu cérebro foi buscar essa informação ao "baú" e foi como se fizesse daquilo uma profissão :)

E saímos do hospital em direcção a um novo mundo... o de sermos pais.


Aquele que já não consegue sentir espanto nem surpresa, está por assim dizer, morto. Os seus olhos estão apagados.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Momentos antes...

02-02-2012 cerca das 4 da manhã...


Chegamos ao hospital. Pelo caminho disse milhões de vezes "tem calma, respira fundo" sabendo muito bem que isso não ajudaria muito. Cada momento que passava, as contracções eram mais seguidas que chegou ao ponto de contarmos 1 e volta novamente a 1.

Fomos de imediato para obstetrícia onde aguardamos por uma enfermeira para confirmar as contracções. A enfermeira coloca as "cintas" e diz:

A senhora não tem contracções...

Confuso para mim pois faltei às aulas de preparação para o parto e nem sabia o que fazer.

Não sabia se devia confortar a minha esposa ou de acordar a enfermeira mas esta lá reparou que tinha colocado mal as "cintas" e no imediato surgiu um estimulo no ecrã...

Afinal tem...

Pois devia ter, pela cara que fazia, gazes não eram de certeza :)

Foi vista por um médico que reencaminhou para uma sala de partos. A adrenalina ia aumentando cada vez mais e do sono que inicialmente tinha, nesse momento parecia que estava pronto para correr maratonas :)

Tinha que me sentir a assim, para dar apoio e fazer companhia naquele complicado momento.

Instalou-se o silêncio na sala de partos após tomada da epidural. Seguiram-se horas de espera...

Já tinha amanhecido, verificou-se que algo se passava com o meu filho, fiquei preocupado...uma pequena reunião de médicos em plena sala onde decidiram de imediato fazer cesariana porque o meu filho estava em sofrimento. Tive que abandonar a sala enquanto que preparavam tudo. Mandaram-me aguardar na sala de espera.

Passou uma hora e meia e não me chamavam, começava a ficar inquieto, ansioso... até que me decidi perguntar à enfermeira o que se passava...

Já nasceu, esta tudo bem, aguarde pela chamada...

02-02-2012 12:12

Finalmente nasce.

Um nascimento representa o principio de tudo - é o milagre do presente e a esperança do futuro

terça-feira, 14 de abril de 2015

Uma longa espera...

Depois dos vários sentimentos revelados no tópico anterior, foi tempo de colocar "mãos à obra" e começar a preparar a chegada do príncipe ou princesa.


Numa primeira fase de enjoou matinais, a "meio das matinais", "meiodiatinais", "tardais" e "noitais", ou seja, sempre, somente melhoraram com a descoberta do famoso "Nausefe" não havia ainda tempo para pensar em preparar a chegada. Ainda houve algumas preocupações que nos preocuparam inicialmente, algumas corridas ao hospital de madrugada devido a dilatação do útero. Felizmente tudo estava bem e vínhamos para casa descansados.


Na primeira consulta com ginecologista, foi um aliviar de tensões quando se viu, pela primeira vez, um pequeno ponto a piscar no ecrã...o seu coração!!!


Foi tempo de pensar nos nomes...


Depois de várias semanas, vinha a derradeira ecografia onde iríamos ficar a saber se iríamos preparar um quarto para um menino ou menina.
Como regra geral, os homens preferem meninos e as mulheres meninas e aqui não se fugiu a essa regra. Essa ecografia acabou por não ser muito conclusiva mas a médica quase que garantiu que era...


...uma menina!!!


Admito que fiquei "um pouco" triste mas quando vi um brilho nos olhos que irradiava a minha mulher, esqueci logo tudo. O que queremos ver é sempre a nossa cara metade feliz.


Na semana seguinte, como a ecografia foi "inconclusiva", marcamos uma outra. (é o que faz ter seguro de saúde :) )
Já aceitando a ideia da menina, fui para a consulta para verificar essa confirmação mas no qual foi o meu espanto quando o médico disse que afinal era...

...um menino!!!


Os papéis sentimentais foram invertidos procedendo da mesma forma que aconteceu comigo mas desta vez foi definitivo. Como excelente relacionamento que temos, aceitamos de braços abertos esta dádiva de Deus, sendo menino ou menina.



Foi tempo de preparar o quarto...onde? IKEA, está claro! Foi aí que encontramos tudo para a chegada do príncipe, viagens e montagens se seguiram e felizmente as instruções estava adequados a carpinteiros como eu :)


Foram 9 meses que onde teve de tudo, onde tivemos que nos adaptar e este novo cenário, às mudanças de humor da minha mulher e aprendi que neste estado, nunca mas mesmo nunca devemos contrariá-las... arriscam-se que comecem a chorar por tudo e por nada :)


Aprendemos a amar mais ainda a pessoa que escolhemos ficar ao nosso lado para o resto da nossa vida pois uma gravidez não nada fácil de se lidar e nisso admiro as mulheres por esse trajecto que fazem até ao seu nascimento.

02-02-2012 cerca das 3 da manhã...



Amor, amor, amor, acorda (parecia um chamamento de uma sereia e era... da minha mulher), chamava ela baixinho.


Levantei-me e deparei-me com ela no WC.

Chegou a hora, "rebentaram-me as águas"...



Se os seus sonhos estiverem nas nuvens, não se preocupe pois eles estão no lugar certo. Agora construa os alicerces...

domingo, 12 de abril de 2015

Quando soube que vinhas aí...

Ora viva,

Desde já, é o meu primeiro blogue e o objectivo do mesmo é partilhar esta grande experiência que é: 

Ser Pai. 

Ser Pai não é algo que se aprende ou que se adquire numa escola como um curso universitário mas sim algo que se aprende diariamente na universidade da Vida. Tudo aqui que escreverei pode não acontencer com outros pois os obstáculos podem ser diferentes e claro está, as crianças :)

Mas voltemos ao título, quando soube que vinhas aí... 

Quando a minha mulher me informou que estava grávida, já desconfiava visto que algo acontecera nos ultimos dias que me levou a pensar que alguma coisa se passava, quando ela começou por acordar as 8 da manhã com fome (algo que nunca acontecia), pedir encarecidamente que fizesse frango com caríl (algo que não apreciava muito), quando ficava eternos minutos no armário onde se guarda as especiarias só para apreciar o cheiro do...caril. A confirmação deu-se com uma mensagem de um teste de gravidez (Grávida 2-3 semanas). Houve vários sentimentos que insurgiram naquele momento e desde esse dia tudo não voltou a ser igual.




Uma nova etapa na tua vida,  a alegria de ser pai, a possibilidade de ensinares tudo o que aprendeste, orgulho na realização de um objectivo, receio sobre o futuro, espetativa de como lidar... tudo isto em 5 minutos. 

Todo o programa começou a ser planeado mas será que aconteceu aquilo que estava planeado?

Voltarei em breve.

Os obstáculos da vida devem ser enfrentados e não contornados...