Páginas

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Quanto te vi pela 1ª vez

Passava pouco da uma da tarde quando me chamaram para que pudesse entrar para o recobro e que pudesse ver a minha esposa e o meu filho. Quando entrei na sala de recobro, no imediato, deslocaram-se duas enfermeiras na minha direcção e disseram: "está ali o papá" e estranhei o motivo pelo qual disseram isso pois podia ser uma outra pessoa qualquer. Cheguei a pensar se tinha estampado na minha testa a frase "onde está o meu filho" mas quando me aproximei apercebi-me o motivo... tinha a minha cara :)

As enfermeiras "despacharam-no" logo para os meus braços, ainda não tinha recuperado do choque inicial e já se encontrava nos meus braços... aquele pequeno príncipe, tão pequenino e leve que nem sabia como pegá-lo. Uma sensação diferente, parecia que estava a pegar no meu próprio eu, no meu passado.

Nada disso se passava, eu realmente estava a pegar no MEU FILHO!!!

Com um passo pouco tremulo, desloquei-me para perto da minha esposa que já se encontrava acordada, já o tinha visto mas comigo viu melhor :). Foram momentos inesquecíveis.

Ainda ficamos cerca de duas horas ali, a minha esposa como não dormiu de noite, adormeceu no momento do parto e não assistiu ao nascimento :), agora sem brincadeiras: como se sentia muito tensa, foi dado uma dose maior de anestesia e acabou por adormecer. Como consequência, demorou a sentir os pés e tivemos que aguardar para que o efeito passasse. Teve lugar a primeira refeição do meu filho e deveria estar com imensa fome pela forma que mamava :) e deu-se lugar aos famosos telefonemas e sms´s a dizer: "Já nasceu" e desde aí não tive mais descanso.

Via-o ali ao lado da minha esposa, sossegado e dormia tranquilamente, as minhas duas pérolas, pensava para comigo, uma bela imagem que acabo por presenciar. 

Por fim, deslocamos-nos para a "suite presencial" (quarto do hospital) onde ali permanecemos 4 dias. Houve a necessidade desse tempo visto que o meu filho tinha perdido algum peso mas depois acabou por recuperar e tivemos finalmente alta. Agradeci essa alta visto que dormir 4 noites numa poltrona não é muito confortável e acabamos por não descansar, entre levar a mamã para o WC, mudar a fralda ao menino, e assim terminava as noites de muito trabalho e pouco descanso. Já tinha alguma experiência em mudar fraldas mas foi à 18 anos atrás, quando tinha cerca de 7 anos e mudava a fralda a minha irmã mas rapidamente o meu cérebro foi buscar essa informação ao "baú" e foi como se fizesse daquilo uma profissão :)

E saímos do hospital em direcção a um novo mundo... o de sermos pais.


Aquele que já não consegue sentir espanto nem surpresa, está por assim dizer, morto. Os seus olhos estão apagados.

Sem comentários:

Enviar um comentário